3º Fase do Concurso - Concluída

The truth appears

-“AH, estás aí!” - afirmou uma voz confiante.
Um inesperado sorriso surgiu na minha face. Voltei-me, numa tentativa de descobrir o autor da voz. Apesar de escondida, a verdade apoderou-se de mim com uma velocidade alucinante: o pesadelo voltara.

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O parque de estacionamento do pequeno liceu de Forks aparentava sempre o mesmo aspecto rotineiro de sempre: vários carros, mal estacionados, dispunham-se aleatoriamente de acordo com as necessidades dos seus condutores, contribuindo para a desorganização habitual do primeiro dia de aulas. Este encontrava-se no cimo de uma pequena elevação verdejante, sendo apenas cortado por várias estradas de alcatrão que teriam como destino final o centro da cidade. A seu lado, erguia-se um imponente e rústico edifício castanho, conhecido por todos como o único liceu da pequena cidade.
O toque de saída ressoou, fazendo com que cada vibração me atingisse dolorosamente. Sempre fora sensível a mudanças bruscas e repentinas da realidade, principalmente quando rodeada por sucessivos murmúrios incompreensíveis. À medida que me levantava e me encaminhava para a saída, vários olhares assustados analisavam todos os meus passos, como que à espera de uma reacção menos própria da minha parte. Fechei os olhos e respirei fundo, numa tentativa de me acalmar. “Não vais reagir mal, acredita em ti mesma. A maioria das pessoas já se esqueceu.” - repetia, sucessivamente, como se a verdade dos factos se fosse alterar.
O meu olhar percorreu, ao acaso, a multidão que, apressadamente, se encaminhava para a porta de saída. De repente, algo atingiu-me com violência, fazendo-me vacilar. Ao fundo, ainda apoiada por muletas, uma figura pálida e frágil olhava-me num misto de pena e compreensão. Numa reacção instantânea e completamente irracional, os meus pés moveram-se no sentido contrário numa correria desenfreada, atirando quase todos os alunos ao chão. Uma sensação de deja vu assolou-me a mente.
-“BELLA!” - chamou-me uma voz distante e conhecida.
O meu corpo embateu noutro, sendo de seguida agarrado violentamente. Apesar de todos os meus sucessivos esforços para me libertar, continuava praticamente imóvel e com dificuldades em respirar. Minutos depois, apercebi-me que as memórias dos meus ataques ainda se encontravam muito vivas, por isso a melhor opção seria parar de espernear; mais uma vez, a minha suposição estava correcta. Senti o toque de uma mão no ombro, seguida de uma voz aveludada no meu ouvido.
-“Tem calma, Bella” - pediu-me - “Quero que saibas que compreendo a tua situação e acredito que estejas mudada” - assegurou-me.
Instantaneamente, comecei a soluçar. A necessidade psicológica que tinha em ouvir estas palavras era enorme. Necessitava de sentir que tudo voltaria ao normal, que uma borracha eliminaria aquele universo alternativo criado pela minha mente.
Neste momento era perfeitamente capaz de controlar todos os meus actos, mas nem sempre esta segurança me preencheu. À medida que o tempo passava, os sintomas tornaram-se cada vez mais visíveis e perturbadores, apesar de todos à minha volta fazerem questão de os ignorar. Para os meus pais, a lista de prioridades nunca fora a de uma família normal, onde o carinho e a preocupação abundavam; o prestígio social viria sempre primeiro que a saúde da filha única. Assim, devido a esta contínua negligência, as alucinações e os delírios passaram a fazer parte da minha rotina diária, bem como as constantes perdas de contacto com a realidade. Há um ano atrás, a esquizofrenia tomara proporções avassaladoras, fazendo-me perder um controle total e prolongado com a realidade. A partir daí, as minhas lembranças foram transformadas num borrão.

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Em silêncio, fazia o percurso normal até à minha velha e ferrugenta pick up vermelha. Os vários risos que preenchiam o parque de estacionamento provinham de vários grupos distantes de mim. Estava sozinha, novamente. Suspirei e fechei os olhos, numa tentativa de me encontrar.
-“AH, estás aí!” - afirmou uma voz confiante.
Um inesperado sorriso surgiu na minha face. Voltei-me, numa tentativa de descobrir o autor da voz. Apesar de escondida, a verdade apoderou-se de mim com uma velocidade alucinante: o pesadelo voltara.

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Foi dos que menos gostei de fazer. Penso que ficou bem inferior aos restantes, mas o importante é que me diverti ao participar nisto :D
*final moralista*